quarta-feira, 8 de junho de 2016

   Mulher é assediada em transporte público de Porto Alegre 


                    
A moça relata o seguinte:

"O certo seria eu começar com um "Boa noite!", mas a minha noite não começou tão boa. O motivo? Aí vai....

Hoje por volta das 19h, eu cheguei na estação São Jorge, que fica no bairro Partenon, Porto Alegre. Tinha muita gente na parada (inclusive o rapaz que me deu o motivo para eu escrever isso) e estava tudo normal até chegar três ônibus (eu poderia pegar qualquer um deles) dois t11, e um otto. Os dois t11 estavam lotados, tinha gente até na porta da frente, aquela antes da roleta e tal, e por último estava o otto. Como tenho problema de visão, não consegui ler. Então perguntei para uma senhora que estava ao meu lado qual era o último ônibus... ela não conseguiu nem falar, foi interrompida por um rapaz (branco, mais ou menos 1m90cm, de 20 a 25 anos, de moletom preto, calça jeans, e tênis) ele me respondeu "é o otto", eu como qualquer pessoa normal agradeci, apenas com um "obrigada", e sai andando em direção ao ônibus, foi aí que ele me respondeu dizendo "só isso?....." E mais alguma coisa que não consegui ouvir por estar me afastando dele.
Subi no ônibus, sentei ao lado de uma moça, todos os passageiros subiram, e então quando o ônibus arrancou, foi parado... Por aquele mesmo rapaz que acabei de citar. Ele sentou um banco atrás do que estava do meu lado. Olhei pra ele apenas com a esperança de que ele fosse um passageiro normal, que pegava o ônibus por necessidade, não com um objetivo (já que ele havia me assediado do lado de fora), para minha surpresa ele também olhava para mim, porém de uma maneira bem diferente. Me olhava como se fosse me engolir, e sorria pra mim como se eu fosse aquela picanha suculenta do churrasco de domingo.... Mas como toda mulher é rotulada como "louca paranóica", aceitei aquele tão famoso rótulo e pensei comigo mesma "deve ser coisa da minha cabeça". Que nada.... Ele não tirava os olhos de mim. Fiquei tão incomodada com a situação, que decidi descer na parada do nacional do teresopolis. Aquele rapaz, levantou junto comigo e esperou na outra porta. Como pensei que ele ia descer, me acalmei e sentei. Ele sentou também. Notei que tinha algo muito errado, mas resolvi ficar no ônibus... Ali ele não me faria nada. Chega a minha parada, levantei. Ele levantou. Fui até a porta, ele até a outra. Outros passageiros desceram nessa parada (a mesma que eu tinha que descer) porém eu fiquei com medo, e resolvi descer duas paradas depois, em frente a empresa de ônibus VTC. Esperei em pé em uma porta, ele esperou em pé na outra. Chegamos nessa parada, desci um degrau, e ele desceu do ônibus. No mesmo instante que vi ele descer, sentei correndo, e suspirei, aliviada pensando que estava a salvo. Pretendia descer na próxima parada e dar um jeito de ir até em casa. O ônibus demora alguns segundos e arranca. Recebo uma mensagem da minha mãe nesse mesmo instante, dizendo que era pra eu ir pra minha escola que está ocupada, e lá teria gente pra me acolher. Obedeci as ordens e fui. Quando o ônibus sobe a otto e chega perto da vila funil, eu viro pra trás apenas por virar. Foi ai que o desespero bateu. Lá estava aquele mesmo homem (O ônibus tinha demorado pra arrancar, pois quando ele viu que eu não desci, ele subiu no ônibus de novo), fiquei desesperada e comecei avisar o máximo de conhecidos meus. Levantei duas paradas antes da minha escola, e mais uma vez ele também. Ficamos os dois em pé, mais uma vez um em cada porta, esperando mais uma parada chegar. O ônibus parou, ali era minha última chance. Eu desci, ele desceu. Por desespero sai correndo e ele num passo acelerado, cheguei na frente da escola tinha mais dois alunos e comecei a gritar para os que estavam do lado de dentro para abrirem logo. O rapaz fugiu em direção a Av. Wenceslau Escobar, o pessoal da ocupação me recebeu super bem, (mesmo não sabendo se eu era aluna), me acalmaram, me agasalharam e inclusive tomaram a atitude de procurar o cara pela redondeza.
Infelizmente nem a gurizada da ocupa, nem a BM (que me atendeu e depois me conduziu em segurança até em casa) conseguiram até então identificar o indivíduo. Felizmente, por sorte, ele não conseguiu fazer fisicamente nada comigo, mas todos sabem o fim que teria essa história se talvez eu não tivesse me fragado do que estava acontecendo e tivesse um pouco de sorte. Peço a todas as mulheres e meninas que passarem por algo parecido, que tomem uma atitude diferente da minha e AVISEM O COBRADOR OU ALGUÉM DO ÔNIBUS.
OBS.: antes que surjam comentários de origens machistas do tipo "no mínimo tava pedindo pra isso acontecer", aí vai uma foto minha, minutos após chegar em casa, e com uma roupa nada provocante (a cara de choro é porque eu realmente fiquei muito desesperada e chorei muito) pra provar que a culpa não é da roupa que vestimos, e sim da mente doente de um verme."

É realmente uma pena
, chegarmos nesses limites.

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